Texto Básico: Fp 4:10-13
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4:13)
INTRODUÇÃO
Nesta Aula, trataremos acerca da generosidade da igreja em
Filipos para com o apóstolo Paulo. Ela enviara os recursos que Paulo
necessitava para suprir suas necessidades na prisão em Roma.Paulo regozija-se
em Deus pela atitude amorosa dos irmãos para com a sua vida. O princípio da
generosidade está fundamentado na ideia de doar e não de ter. Para que a
generosidade seja manifesta exteriormente, o coração deve antes estar
enriquecido de amor e compaixão sinceros para com aqueles que servem a Igreja.
Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades dos nossos irmãos obreiros que servem a igreja com abnegação e integridade; louvor e ações de graça a Deus(2Co 9:12); e amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda(2Co 9:14). ”Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; […] Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12:30,31). Estes mandamentos eram o estrado da prática cristã na Igreja do primeiro século. E precisa ser, também, da igreja hodierna; caso contrário, ela perderá, indubitavelmente, a sua identidade como igreja local de Cristo.
Dar de nós mesmos, e daquilo que temos, resulta em: suprimir as necessidades dos nossos irmãos obreiros que servem a igreja com abnegação e integridade; louvor e ações de graça a Deus(2Co 9:12); e amor recíproco da parte daqueles que recebem a ajuda(2Co 9:14). ”Amarás, pois, ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; […] Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12:30,31). Estes mandamentos eram o estrado da prática cristã na Igreja do primeiro século. E precisa ser, também, da igreja hodierna; caso contrário, ela perderá, indubitavelmente, a sua identidade como igreja local de Cristo.
I. AS OFERTAS DOS FILIPENSES COMO PROVIDÊNCIA DIVINA
1. Paulo agradece aos filipenses. Em Fp 4:10-19, Paulo
expressa, com ênfase, sua gratidão pela oferta que Epafrodito lhe trouxera da
igreja de Filipos. Paulo se regozija uma vez mais (Fp 4:10), pois, passado
algum tempo, os filipenses lhe haviam enviado outra oferta para a obra do
Senhor. Ele não os culpa pelo tempo em que nada recebeu; antes, lhes dá crédito
pelo fato de que desejavam ajudá-lo, mas faltava oportunidade. Neste tributo de
gratidão, Paulo dá um belo testemunho de sua relação com a igreja filipense na
realização da obra missionária. Paulo nunca pediu a qualquer das igrejas que o
sustentassem, contudo, os crentes de Filipos tinham desejado sinceramente
ofertar, de forma que Paulo aceitou, porque eles o fizeram voluntariamente e
porque ele estava atravessando um momento de necessidade.
2. Reciprocidade entre o apóstolo e a igreja. O amor mútuo e
profundo dos irmãos filipenses pelo apóstolo Paulo era forjado nas raias do
sofrimento. O apóstolo tinha decidido há muito deixar o conforto do farisaísmo
para padecer por Cristo. Ele bem sabia o que isto representava. Por isso, Paulo
tinha outro olhar quando recebia a oferta de amor dos da igreja de Filipos: não
para o dinheiro, mas para motivação amorosa que se escondia por detrás daquele
ato genuinamente cristão da igreja de Cristo em Filipos. Este ato amoroso era o
motivo da sua grande alegria; não era o valor da oferta recebida, mas aquilo
que ela representava, pois essa não era uma oferta negociada pelas regras
comerciais e de mercado, mas gerada pelo amor recíproco da comunidade de
Filipos para com seu pai na fé. Paulo compreendia que, através da demonstração
de amor dos seus filhos na fé, o próprio Cristo o fortalecera no amor
partilhado pelos seus irmãos. Paulo vivia uma vida de grande contentamento em
Deus, pois no amor recíproco ele sente-se recompensado por Deus em tudo. O
contentamento de Paulo o faz jamais elevar a sua voz para murmurar das
circunstâncias que lhe rodeavam. Ele compreende e aceita a vocação de padecer
por amor ao Evangelho.
3. A igreja deve cuidar dos seus obreiros. Em 1Co 9:11-18,
Paulo escreveu que ele não aceitava ofertas da igreja coríntia porque ele não
queria ser acusado de pregar somente para ganhar dinheiro. Mas Paulo ensinou
que era uma responsabilidade da igreja sustentar os ministros de Deus, os
missionários e os pastores que exercem com dedicação plena a liderança do
rebanho de Deus - “Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem
do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar participam do
altar? Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do
evangelho“ (1Co 9:13,14).
Não há qualquer fundamento para que se diga, como alguns, na
atualidade, que não há qualquer necessidade de uma contribuição financeira na
Igreja. O texto bíblico mostra, claramente, que devemos contribuir para a
manutenção e sustento da obra de Deus e que esta obra envolve despesas e a
necessidade de sustento daqueles que se dedicam integralmente a ela. Acredito
que a maior atitude de amor que uma igreja demonstra é aplicar recursos na obra
do Senhor, sustentando com dignidade os obreiros que dedicam com amor a obra do
Senhor.
Em nossos dias, dias de “amor ao dinheiro” (1Tm 6:10), vemos
dois fenômenos totalmente inadmissíveis para o povo de Deus:
- Primeiro, a “mercantilização da fé”. Muitos,
aproveitando-se dos mandamentos bíblicos referentes à contribuição financeira,
estão a tornar as igrejas locais em verdadeiras “empresas religiosas”, onde há
uma sede de arrecadação que tem em vista tão somente a formação de impérios
empresariais travestidos de organizações ou empreendimentos eclesiásticos e a
nutrição de uma vida nababesca de poucos, que não estão nem um pouco
preocupados com a obra de Deus, que se fazem cercar de um sem-número de
“parasitas”, aproveitadores das “migalhas” que caem das mesas desses
“mercenários”.
- Segundo, o “consumismo desenfreado”. Este fenômeno,
característico do pós-modernismo,tem tomado conta dos corações de muitos
crentes que direcionam os seus recursos para a satisfação de seus desejos e
prazeres incontidos, com o desvio dos recursos que deveriam ser destinados à
obra de Deus, e que servem apenas para a satisfação dos interesses materiais e
mundanos dos que cristãos se dizem ser, e que fazem com que muito do que
poderia ser utilizado na obra de Deus seja destinado para “mercenários” e para
pessoas totalmente descompromissadas com o Evangelho.
Quando há compromisso com a Palavra de Deus, também
comprometemos o nosso patrimônio com as “coisas de cima”, com aquilo que
contribuirá para a salvação das almas e a glorificação do nome do Senhor.
Pensemos nisto!
II. O CONTENTAMENTO EM CRISTO EM QUALQUER SITUAÇÃO
1. O contentamento de Paulo. ”Não digo isto como por
necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4:11).
Embora estivesse muito satisfeito com a generosidade dos filipenses, Paulo
esclareceu que tinha aprendido um importante segredo para a vida cristã: que
ele poderia se contentar com o que tinha, fosse muito ou pouco. Paulo explicou
que a sua suficiência estava somente em Cristo, que provê a força para que
enfrentemos todas as circunstâncias.
É importante que os crentes percebam que o “contentamento”
bíblico não significa uma acomodação em relação aos desafios da vida, nem
tampouco um desinteresse por melhorar o crescimento profissional, educacional,
etc. Trata-se de um estado de alma, que possuímos em Cristo tudo quanto nos é
necessário para nossa alegria, paz e comunhão com Deus e os homens.
Para Paulo, o contentamento que experimentava na riqueza e pobreza,
na fartura ou miséria, eram reflexos de uma mesma realidade vivida na presença
de Deus. A certeza de que Deus estava nele, que havia concedido a ele o seu
Reino, transcendia suas experiências pessoais e as colocava num universo
eterno. Penso que foi isso que Jesus experimentou. Sua vida não foi sempre um
arranjo de fatos agradáveis. Experimentou o abandono, angústia, tristeza,
traição, alegria e exultação, e todas essas experiências fizeram parte do Reino
que havia sido entregue.
O contentamento não será encontrado na próxima curva, na
visita ao shopping center, no novo emprego ou nas coisas simples e rotineiras,
mas nas experiências que a graça de Deus nos concede dia a dia. Contentamento
não significa não passar pelos vales sombrios da morte, mas gozar a plenitude
do Reino, do amor, da justiça e da paz.
Para ter o verdadeiro contentamento, lembre-se de que tudo
pertence a Deus e que aquilo que temos nos foi dado por Ele. Sejamos
agradecidos pelo que temos, não cobiçando o que os outros possuem. Peçamos
sabedoria para usarmos sabiamente o que temos. Oremos pedindo ao Senhor a graça
necessária para abandonarmos o desejo exasperado pelo que não temos. Confiemos
que Deus suprirá as nossas necessidades.
Muitas pessoas que se dizem cristãs têm sido fiéis e leais
ao Senhor Jesus enquanto as condições permitem, isto é, enquanto tudo está bem,
quando os ventos são favoráveis, quando não falta dinheiro, quando a família
está com saúde. Porém, vindo as aflições, perseguições, carência de dinheiro,
etc., deixam de olhar para o Autor e Consumador da fé (Hb 12:2), e começam a
murmurar e a questionar a Deus pela situação que está atravessando. Daí começa
o descontentamento, a tristeza, e em seguida partem para a infidelidade, que é
um sinal de desconfiança e incerteza. É fácil ser fiel quando tudo vai bem.
Quando as coisas vão mal, a fidelidade é um “sacrifício“. O que o Espírito
Santo deposita dentro de nós através da fidelidade atravessa qualquer barreira,
transpondo todos os obstáculos contrários à fé. E Deus sempre está provando a
nossa fidelidade para com Ele. Devemos estar cônscios de que os desertos não
são apenas os momentos difíceis por que passamos aqui, não! Os “desertos” são a
trajetória de nossa jornada rumo ao Céu. Pense nisso!
2. “Sei estar abatido” (Fp 4:12). Paulo sabia “estar
abatido” ou “humilhado” (ARA), isto é, quando não tinha suprimento para as
necessidades básicas da vida, e também sabia “ser honrado”, ou seja, quando
recebia mais do que necessitava. “Em todas as circunstâncias”, já tinha experiência,
tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez. Como Paulo
aprendeu tal lição? Simplesmente porque tinha a certeza de estar na vontade de
Deus onde quer que estivesse, fossem quais fossem as circunstâncias. Sabia que
estava ali pela vontade de Deus. Assim, se passasse fome, era porque Deus
queria que ele passasse fome. Se estivesse fartura,era porque Deus planejou que
fosse assim. Estando ocupado fielmente no serviço do Rei, ele podia dizer:
“Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado”. Portanto, quer Paulo tivesse
muito ou pouco, ele era capaz de manter a vida em equilíbrio por causa do
contentamento. Que lição importante para todos os crentes, das igrejas locais
de hoje, aprenderem!
III. A PRINCIPAL FONTE DE CONTENTAMENTO (Fp 4:13)
“Tudo posso naquele que me fortalece” (ARA) ou “Posso todas
as coisas naquele que me fortalece”(ARC). A declaração de Paulo aqui não é uma
declaração de pensamento positivo. O que Paulo está dizendo é que foi
capacitado por Deus para passar por qualquer situação, fosse de abundância ou
escassez, de humilhação ou honra, de fartura ou fome. Certamente, o obreiro de
Deus precisa estar pronto para tudo isso e não apenas alegrando-se com as
riquezas ou abundância.
1. Cristo é quem fortalece. ”Posso todas as coisas naquele
que me fortalece“. Esta expressão, obviamente, não significa todas as coisas no
sentido pleno; Paulo não se tornara onipotente. Paulo não pode tudo; ele pode
todas as coisas dentro da vontade de Deus. Ele pode todas as coisas em Cristo,
e não à parte de Cristo. A razão da “fortaleza” do apóstolo Paulo não é a sua
experiência, a sua força, o seu conhecimento, a sua influência ou os seus ricos
dons e talentos, mas Cristo. Ele tudo pode porque o Todo-Poderoso Filho de Deus
é quem o fortalece. Ele é como uma máquina ligada na fonte de energia, a força
do seu trabalho vem não dele mesmo, mas do poder que vem de Cristo. É Cristo
quem fortalece.
“Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Este versículo pode ser dividido em duas
partes:
- Primeira parte: “Posso todas as coisas”. Parar aí e tirar
as palavras de seu próprio contexto poderia sugerir a ideia de autoconfiança e
presunção. É o tipo de mensagem que frequentemente ouvimos de oradores
motivacionais, aqueles que são pagos para animar auditório, entreter o povo:
“Você pode fazer tudo o que quiser se colocar a sua mente nisto“. Mas isto não
é o que o versículo diz.
- A segunda parte: “naquele que me fortalece“. Esta parte
revela a fonte da nossa força:Cristo. Deus quer que realizemos muito para Ele
neste mundo, mas somente através de Cristo. Em vez de confiarmos em nossa
própria força e habilidades, devemos confiar em Cristo e em seu poder. Pense
nisso!
As palavras confiantes de Paulo podem ser pronunciadas por
todos os cristãos. O poder que recebemos quando estamos em união com Cristo é
suficiente para que tenhamos condições de fazer a sua vontade e enfrentemos os
desafios que surgem do nosso compromisso de fazê-la.
2. Cristo é a razão do contentamento. O contentamento de
Paulo não veio de uma auto-disciplina estóica. Antes, ele veio de Cristo. Este
é a razão do contentamento. No contexto, a frase “todas as coisas” (ARA)
refere-se à lista contida em Fp 4:11,12. Em cada circunstância possível, Paulo
podia estar verdadeiramente contente, porque ele não deixava que as
circunstâncias adversas determinassem a sua atitude. Cristo o estava
fortalecendo, para que o apóstolo pudesse dar continuidade ao seu ministério e
à obra de anunciar o Evangelho, quer ele tivesse abundância ou padecesse necessidades.
Paulo tinha a completa confiança de que, a despeito das circunstâncias, Cristo
lhe daria a força necessária para vencer qualquer adversidade.
3. O cumprimento da missão como fonte de contentamento. Para
Paulo, o cumprimento da missão que Jesus lhe tinha investido era fonte de seu
contentamento. Pregar o Evangelho em toda parte era o seu objetivo precípuo;
nenhuma dificuldade financeira, política ou social roubaria a sua visão
missionária, o impediria de ganhar almas para o Reino de Deus - “Mas em nada
tenho aminha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha
carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus” (At 20:24). Paulo era um obreiro destemido e
determinado, não se angustiava pela privação material e social, porque tinha
plena confiança no provimento divino. A alegria do Senhor era a sua força (Ne
8:10).
CONCLUSÃO
Diante do que foi exposto aqui nesta Aula, avigora-nos dizer
que a obra missionária é um trabalho que exige um esforço conjunto da igreja e
dos missionários. A cooperação é o melhor caminho para a realização da obra
missionária. Paulo não poderia levar a cabo tudo o que fez sem o apoio e a
ajuda da igreja filipense. Essa igreja deu-lhe suporte financeiro e sustentação
espiritual. Aqueles que estão na linha de frente precisam ser encorajados pelos
que ficam na retaguarda: “… porque qual é a parte dos que desceram à peleja,
tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais” (1Sm
30:24). Deus chama uns para irem ao campo missionário e aos demais para
sustentar aqueles que vão. A sua igreja é uma igreja missionária qual a de
Filipos? Caso não seja, infelizmente, ela perdeu a sua identidade original.
Pense nisso!
—–
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço - Prof. EBD -
Assembleia de Deus - Ministério Bela Vista. Disponível no Blog:
http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William
Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão - nº 55 - CPAD.
Comentário do Novo Testamento - Aplicação Pessoal.
Filipenses - A alegria triunfante no meio das provas - Rev.
Hernandes Dias Lopes.
FONTE: EBweb