Texto Básico: Êxodo 18:13-22
“Ouve agora a minha voz; eu te
aconselharei, e Deus será contigo [...]” (Êx 18:19)
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos acerca do estilo
de liderança de Moisés. Até hoje, ele é o grande exemplo seguido pelo povo de
Israel. Ele foi um líder que demonstrou humildade em ouvir sábios conselhos e
colocá-los em prática para o bem do povo de Deus. Sobre os ombros de Moisés
recaía a tarefa de organizar uma multidão de mais ou menos dois milhões de
pessoas e julgar o povo mesmo nas coisas insignificantes que surgiam entre eles
a cada momento. Ele procurava fazer tudo em vez de repartir trabalhos e
responsabilidades entre diversas pessoas. Quando seu sogro Jetro o visitou,
trazendo-lhe sua esposa e filhos, Moisés recebeu seu conselho. Organizou o povo
em grupos e colocou chefes, de acordo com os dons deles, sobre estes para
resolver as dificuldades. Assim, Moisés deixou de ministrar apenas e passou a
liderar. Desta feita, o governo de Israel cresceu representativamente. Creio
que é assim que Deus quer.
I. O TRABALHO DO SENHOR E OS SEUS OBREIROS
1. Despenseiro e não dono (Êx
18:13-27). No sentido bíblico, despenseiro é aquele que administra bens
alheios. Então, todo líder do povo de Deus não pode ter dúvida de que ele é
apenas um despenseiro dos recursos, dos dons e das pessoas que estão sob a sua
responsabilidade. Ele é apenas um líder servo.
Moises, como líder, era um despenseiro
do Senhor e não dono dos israelitas. Alguns líderes, com o passar do tempo,
acabam achando, erroneamente, que são os donos das ovelhas e da Obra do Senhor.
Ledo engano! A Bíblia cita um exemplo clássico: Diótrefes (3João
9,10). Este mau obreiro via a congregação que dirigia como propriedade sua. Seu
nome significa "filho adotivo de Zeus", o que sugere que ele
seja de descendência grega. Era um líder soberbo em vez de ser um líder servo.
Ele queria ser o maior, em vez de ser servo de todos. Ele buscava a honra de
seu próprio nome, em vez de buscar a glória de Cristo. Ele era um líder na
igreja local e, de modo egoísta, tirava vantagem de sua posição de liderança.
Ele gostava de ser o primeiro. Em vez de servir à igreja, ele se recusava a
reconhecer a autoridade superior. Ele próprio desejava governar a igreja. Ele
agia de maneira contrária à instrução de Jesus: "Quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre
vós, será vosso servo" (Mt 20.26,27).
Diótrefes era um homem amante da
preeminência (3João v. 9). Veja o que o apóstolo João disse sobre ele:
"Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de
exercer a primaziaentre eles, não nos dá acolhida". A expressão
"gosta de exercer a primazia" significa querer ser o primeiro,
querer ser o líder-proprietário, orgulhar-se de ser o primeiro. Diótrefes era
um homem megalomaníaco. Ele gostava dos holofotes. Ele buscava ficar sob as
luzes da ribalta.
Diótrefes ele era um narcisista. A expressão
"gosta de exercer a primazia" significa ambição, o desejo
de preeminência em todas as coisas. Ele se amava mais do que aos outros. Seu eu, e
não Cristo, estava no trono da sua vida. Seu eu vinha
sempre na frente dos outros. Ele buscava os seus interesses e não os de Cristo.
Ele buscava não o interesse dos irmãos, mas o seu próprio. Ele construía
monumentos a si mesmo, em vez de buscar a glória de Cristo. A atitude de Diótrefes era
oposta à de João Batista: "Convém que ele [Cristo] cresça e que eu
diminua" (João 3:30).
Por ser amante dos holofotes, e gostar de ser
o primeiro em tudo, ele via o apóstolo João como uma ameaça à sua posição. A rejeição
possivelmente não era doutrinária, mas pessoal. Seu problema não era heresia,
mas egoísmo.
Os líderes do povo de Deus devem se
lembrar de que foram dados por Deus à igreja e que, portanto, não cuidam senão
de rebanho alheio, não podendo demonstrar domínio sobre algo que não lhes
pertence (1Pedro 5:1-3).
2. Falta de percepção do líder (Êx
18:14-17). O excesso de atividades que Moisés detinha no dia-a-dia vedou-lhe
o sentido perceptivo das coisas e das decisões a serem tomadas para que a sua
liderança fruísse os resultados profícuos como deveria ser. Às vezes é
necessária a reação de pessoas mais experientes em questões de liderança, que
tem uma intuição mais aguçada de nossa administração. Deus, muitas vezes, assim
age, porque Ele visa o bem-estar de sua Obra.
Foi o que aconteceu com Moisés.
Jetro, seu sogro, que era um líder intuitivo, percebeu logo que alguma coisa
estava errada na maneira de Moisés conduzir o povo e atender às suas demandas;
ele percebeu que Moisés estava centralizando o poder, monopolizando. Essa
maneira de administrar de Moisés estava consumindo o tempo das pessoas e dele próprio,
além de provocar nele mesmo cansaço intenso que o impediria de tomar decisões
corretas.
Um líder intuitivo pode, rapidamente,
avaliar uma situação. Jetro assistiu a Moisés em ação durante um dia e
imediatamente reagiu. Jetro não precisou contratar um consultor, formar uma
comissão ou realizar profunda pesquisa. Instantaneamente, identificou um
problema de liderança. Nem todos os lideres são capazes de vislumbrar uma
solução tão rapidamente quanto Jetro, mas, quando confiam na sua intuição,
percebem, imediatamente, que a situação requer sua atenção.
Um líder intuitivo vê o que está
acontecendo no presente e compreende onde uma organização está situada. Jetro
pôde ver Moisés se metendo em problemas. Ele falou ao seu genro: “Sem
dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo que está contigo; pois isto é
pesado demais para ti; tu só não o podes fazer”(Êx 18:18). Talvez Moisés
resolvia conflitos com eficiência; talvez não. Mas, mesmo se fosse capaz de dar
conta de tudo, não podia suportar tudo. Com o crescimento da população, a sua
situação ficaria pior. Jetro sabia que Moisés enfrentaria desastre caso não
mudasse.
Todo trabalho de liderança é propenso
a inúmeros problemas: de ordem social e espiritual. Talvez você não esteja
percebendo isso, mas eles existem e não devem ser ignorados. Oremos para que
Deus levante líderes intuitivos como Jetro que sabem desembaraçar a sua visão.
3. O líder necessita de ajudantes (Êx
18:18). Nenhum líder pode florescer sem contar com colegas de equipe, fato
esse que a vida de Moisés ilustra. Quando Josué e suas tropas lutaram contra os
amalequitas, Moisés segurou o cajado de Deus em suas mãos, assistidos por Arão
e Ur, membros do seu circulo intimo. Portanto, nenhum líder jamais devia tomar
o caminho ou o crédito sozinho.
Caso Moisés não seguisse o conselho
de Jetro, acabaria desfalecendo por causa de seu excesso de atividades, além de
não ter tempo para interceder pelo povo de Deus. Na verdade, esta era a função
que Deus pretendia para Moisés, mas até aquele momento, o legislador estava
sobrecarregado atendendo às demandas do povo, sem ajuda de auxiliares idôneos.
Por conseguir o conselho de Jetro
Moisés pôde exercer melhor seu ministério e partilhar sua autoridade com homens
dignos de confiança e que honrariam o nome do Senhor. Moisés deixou de
ministrar apenas e passou a liderar.
Essa foi a lição que Moisés aprendeu:
não se pode fazer tudo sozinho. É necessário delegar autoridade a outras
pessoas de confiança e que possuam caráter irrepressível. Além do mais, é
imprescindível que o líder reserve tempo para estar com sua família. Também,
precisamos entender que nenhuma pessoa é insubstituível na Obra de Deus; mais
cedo ou mais tarde, cada um de nós será substituído; nós passamos, mas a obra
de Deus continua. Pense nisso!
II. OS AUXILIARES DE MOISÉS NO MINISTÉRIO
Moisés é um exemplo a ser seguido no
tocante à descentralização. Antes mesmo de receber e aplicar o conselho de
Jetro, Moisés já determinara a Josué que comandasse o exército na guerra contra
Amaleque. Depois da visita do sogro, criou os maiorais de dez, cinquenta, cem e
mil, para ajudá-lo nos julgamentos dos litígios no meio do povo e, por fim,
pediu a Deus auxiliares na própria tarefa de direção do povo, quando lhe foram
dados setenta anciãos. Moisés mostra-nos que o líder não deve ser o faz-tudo,
mas deve ter juntamente com ele pessoas capazes, tementes a Deus e que
aborreçam a avareza para ajudá-lo no ensino e na jornada do povo rumo à Terra
Prometida.
1. Deus levanta auxiliares (Êx
18:21). “E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a
Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por
maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez”.
Deus sempre foi a favor que os
lideres do seu povo tivessem auxiliares para maior eficiência e resultados na
Sua obra. O conselho que Jetro deu a Moises, sobre delegação de autoridade a
homens de Deus, continua válido hoje. O texto supra, menciona várias qualificações
de líderes do povo de Deus, os quais devem ser: (a) pessoas capazes, (b)
pessoas que temem a Deus, (c) pessoas instruídas na verdade e totalmente
dedicadas à sua causa, (d) pessoas que abominam o ganho desonesto e que, por
isso, estão livres da cobiça e do amor ao dinheiro.
Moisés tanto aprendeu a lição da
descentralização e da necessidade de ajuda que, mais tarde, pediu a Deus que
houvesse ainda mais uma repartição de suas funções, desejo este tão de acordo
com a vontade do Senhor que foi atendido, tendo, então, o Senhor dado do
Espírito a setenta anciãos, que com ele compartilhassem a direção espiritual do
povo (Nm 11:11-30).
Na Igreja, o líder necessita de
auxiliares, cooperadores, colaboradores. Quando a Igreja em Jerusalém precisou
de pessoas para ajudar os apóstolos em afazeres especificamente voltados à
questão social, atendendo às viúvas no tocante a ajudas oferecidas pelo grupo,
a recomendação dos apóstolos foi: “escolhei irmãos, dentre vós, sete varões de
boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos
sobre este importante negócio” (At 6:3). Veja que não podia ser qualquer
pessoa; tinha que ter qualidades específicas: “boa reputação”, “cheios do
Espirito Santo”, cheios de “sabedoria” e de caráter ilibado.
O apóstolo Paulo, sem os seus
cooperadores e auxiliares, não teria avançado em seu ministério (cf. Rm
16:3,21; 2Co 8:23).
2. Os auxiliares de Moisés (Êx 18:25). “e escolheu
Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo:
maiorais de mil e maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez”.
Todo o bom líder trabalha bem ao lado
de outros líderes. Faz parte da liderança saber delegar funções, atribuir
tarefas e missões a quem o Senhor preparou para exercê-las. É capaz de aceitar
a posição de líder intermediário, seguindo os outros com lealdade e respeito. E
ele pode nomear líderes auxiliares, confiando-lhes o controle de determinadas
tarefas. A ênfase disso recai sobre a humildade, a confiança nas outras pessoas
e o respeito pelas outras pessoas. Portanto, os dons e as chamadas de todos
devem ser respeitados. Somos instruídos assim: “Sujeitando-vos uns aos
outros no temor de Deus” (Ef 5:21). Paulo deixou o exemplo para os
líderes cristãos, nas suas frequentes expressões de apreciação pelos seus
cooperadores e pelos que o ajudavam. Entre as muitas referências a esse
aspecto, temos Filipenses 4:1-3; Colossenses 4:7-14 e 1Tessalonicenses
1:2-4.
Dentre os vários líderes auxiliares
de Moisés, a Bíblia registra: a) Miriã, irmã de Moisés -
Era profetiza e cantora (Êx 15:20,21); b) Arão, irmão de Moisés – Era
seu porta-voz e foi escolhido por Deus para ser sacerdote em Israel (Êx
4:14-16; 7:1,2); c) Os anciãos - Eram líderes e
representantes do povo (Dt 1:13-15; Êx 3:16,18). Foram pessoas que muito
auxiliaram Moisés em sua liderança na condução do povo à Terra Prometida; d)
Josué, que foi o seu sucessor - Ele é mencionado pela primeira vez
em Êx 17:9, quando da sua designação para comandar a batalha contra os
amalequitas. Portanto, era um combatente, um homem de armas, e foi usado por
Deus para abrir o caminho das conquistas ordenadas por Deus. Além disso, era um
líder temente a Deus e bastante obediente à liderança de Moisés.
É, realmente, lamentável o que se tem
observado em muitas igrejas locais na atualidade. A arrogância e a ganância
pelo poder fazem com que muitos líderes não escolham pessoas capazes e tementes
a Deus para estarem a seu lado, mas escolhem “capachos”, que não têm qualquer
capacidade e só servem para bajular e dizer “amém”. O resultado é o esgotamento
físico e mental da liderança, liderança esta que não subsiste, bem como a falta
de paz no meio do povo de Deus. Livremo-nos destas pretensões enganosas, destes
temores totalmente sem respaldo bíblico e aproveitemos aqueles que o Senhor tem
levantado no meio da igreja para ajudar o povo de Deus a chegar ao céu.
III. QUALIDADES DE MOISÉS COMO LÍDER
Quando Israel saiu do Egito, Moisés,
embora tivesse sua liderança confirmada pelos fatos, não deixou de reconhecer
que o senhorio era de Deus. Saindo do Egito, não tomou o caminho que lhe
pareceria mais fácil, mas seguiu a direção de Deus. Moisés estava à frente do
povo, mas a orientação, a direção era de Deus (Ex.13:17). Que exemplo a ser
seguido!
1. Mansidão e humildade (Nm 12:3) – “E era o
varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”.
a) Moisés, um líder manso. Moisés, durante os
quarenta anos do “curso do deserto”, aprendeu a ser manso, um requisito
indispensável para quem lidera o povo de Deus, mormente quando sabemos que o
Senhor Jesus mandou que aprendêssemos dEle a mansidão(Mt.11:29). A mansidão de
Moisés é um resultado de sua intimidade intensa com o Senhor. Moisés, antes tão
agressivo e violento, sempre se portou com mansidão, mesmo nas horas mais
difíceis em que se teve de enfrentar o povo rebelado. Moisés clamava a Deus,
não se envolvendo nas atividades revoltosas, mantendo uma certa distância de
tudo aquilo que não correspondia à vontade divina, sem deixar de advertir o
povo a respeito dos seus erros. Foi assim, por exemplo, no episódio da guerra
empreendida pelos israelitas depois da morte dos espias. Moisés, sem deixar de
avisar o povo de que a guerra seria em vão, não impediu o povo de ir guerrear,
embora não o tenha acompanhado. Após a derrota militar, sua postura foi
decisiva para que o povo se recompusesse e se submetesse aos 38 anos de jornada
em círculo até a morte daquela geração incrédula (Nm 14).
Mesmo nos momentos mais difíceis de seu
ministério, Moisés nunca quis se sobrepor sobre o povo, demonstrando autoridade
consoante a ordem de Deus que, mais de uma vez, interveio diretamente para
mostrar que Moisés era o homem chamado por Ele para liderar o povo, como no
episódio da sedição de Miriã e Arão (Nm 12:1-10). Quando precisou usar de
sua autoridade, fê-lo debaixo da chamada e do senhorio divinos na sua vida,
como no episódio da rebelião de Datã, Abirão e Coré (Nm 16).
b) Moisés, um líder humilde. Quando Moises
foi chamado por Deus (Ex 3:10), no Monte Horebe, para libertar o pode Israel do
Egito, reconheceu diante do Senhor a sua nulidade: “Quem sou eu que vá a
Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? “(Ex 3:11). Moisés dá um
passo importante para se tornar líder: elimina o seu “eu”. Isso é
humildade. Ah! se muitos líderes no meio do povo de Deus tomassem esta decisão
de anular o seu “eu” e compreender que sem Jesus nada pode ser feito!
(João 15:5). Se dissessem “quem sou eu”, teriam boa parte dos problemas
que hoje enfrentam resolvidos. Foi por ter achado que era ninguém que Moisés,
antes de criar um obstáculo, credenciou-se para ser o libertador do povo de
Israel.
Moisés também demonstrou humildade
quando aceitou receber um conselho da parte de seu sogro, que não era nem mesmo
israelita. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se
aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua
experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder,
resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem,
cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz
para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro(Ex 18:24),
demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a criticas. Esta é uma
qualidade imprescindível para quem exerce liderança no meio do povo de Deus: o
de ouvir conselhos.
Muitos, na atualidade, são arrogantes e
soberbos, que não aceitam os conselhos de pessoas mais experientes e que muito
podem ajudar na eficácia da liderança. Se é certo que o líder deve seguir a
orientação divina, também é certo que Deus, como escolheu um povo, põe à
disposição dos líderes pessoas que têm capacidades e habilidades para dar bons
conselhos e auxiliar no sucesso e êxito da obra do Senhor. Salomão, o homem
mais sábio de toda a terra, não abriu mão dos conselheiros e, inspirado pelo
Espírito de Deus, disse o seguinte: “Onde não há conselho os projetos saem
vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão” (Pv.15:22).
Na atualidade, muitos líderes não
querem ouvir conselhos, nem aceitam que surjam conselheiros e, muito menos,
auxiliares. Querem ter súditos, pessoas que somente saibam dizer “amém”, mas
que não têm qualquer poder decisório. O resultado é a ineficiência, o
esgotamento do líder e um acúmulo cada vez maior de problemas sem solução,
causando um prejuízo muito grande à obra de Deus. Como ensinou Jetro, a
descentralização, o aproveitamento de homens e mulheres que o Senhor põe à
disposição do seu povo é fundamental para que o líder subsista e o povo de Deus
venha em paz ao seu lugar (Ex.18:23), que é o céu.
2. Moisés, um líder de profunda
intimidade com Deus. Um líder do povo de Deus precisa ter contínua
e cada vez maior intimidade com Deus. Não é possível liderar com triunfo sem
que se tenha tal intimidade, pois para se ter a direção de Deus é absolutamente
necessário que haja um perfeito entrosamento entre a nossa vontade e a vontade
do Senhor.
A partir do episódio da sarça, vemos
Moisés, cada vez mais, aprofundando a sua intimidade com o Senhor, tanto que o
próprio Senhor testifica que Moisés foi o profeta que mais intimidade teve
consigo, um profeta com quem Deus falava “boca a boca” (Nm 12:8), conhecido de
Deus “face a face”(Dt 34:10).
Uma outra demonstração da intimidade de
Moisés com Deus está no episódio em que o rosto de Moisés resplandeceu a glória
divina (Êx 34:29-35), onde vemos que a intimidade com Deus faz com que cada vez
mais o líder não apareça, mas faça Deus aparecer para os seus liderados. Quanto
mais o líder se aproxima de Deus, mais o Senhor aparece. As palavras e atitudes
do verdadeiro líder devem sempre repetir a fala de João Batista: “é
necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30).
3. Fiel (Nm 12:7; Hb 3:2,5). Moisés foi um
líder fiel a Deus, ao seu povo, à sua família. Esta é uma virtude essencial que
deve ser encontrada no despenseiro (1Co 4:2). Os olhos do Senhor
estão à procura dos que são fiéis (Sl 101:6). O ser humano valoriza a astúcia,
a sabedoria, a riqueza e o sucesso; mas Deus procura aqueles que estão
dispostos a ser fiel a Ele em todas as coisas. Nenhuma amizade, ou política, ou
dinheiro, ou circunstância deve nos demover de um ministério fiel centralizado
em Cristo.
Infidelidade, deslealdade, traição, é
um sentimento que não pode existir na vida de um homem de Deus, de um homem de
fé. Quem possui a verdadeira fé, é fiel, é leal, é sincero, é verdadeiro.
Que glorioso tributo a Epafras e a
Tíquico de que Paulo chamá-los de "ministro fiel”: “Como aprendestes de Epafras, nosso
amado conservo, que para vós é um fiel ministro de Cristo”(Cl 1:7). “Ora, para
que vós também possais saber dos meus negócios, e o que eu faço, Tíquico, irmão
amado, e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo”(Ef 6:21). “Tíquico,
irmão amado e fiel ministro, e conservo no
Senhor, vos fará saber o meu estado”(Cl 4:7). Eles atingiram aquilo porque
nós todos deveríamos nos esforçar. Como seria doce ouvir o Senhor nos dizendo:
"Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu senhor"
(Mt 25:21).
CONCLUSÃO
Aprendemos com os conselhos de Jetro,
que foram conselhos sábios, orientados pelo próprio Deus, e que funcionaram.
Aprendemos com Moisés que soube ser humilde o suficiente para mudar o seu
estilo de liderar o povo de Deus, reproduzindo-se; ou seja, descentralizando as
tarefas, fazendo somente o que estava sob sua alçada em questões
intransferíveis. O resultado disso foi o crescimento representativo de Israel. A Igreja tem
muito a aprender com Moisés, pois também há a necessidade de a liderança ser
plasmada pelo Espírito Santo até que o Senhor venha buscar a sua Igreja.
Faz-se necessário que o líder saiba
delegar tarefas, tudo fazendo segundo a orientação divina, mas jamais se
esquecendo de que o fato de ter sido chamado à liderança não significa que
tenha de fazer tudo sozinho. Portanto, prezado irmão, caso você exerça liderança
no meio do povo de Deus, reparta com outros a responsabilidade de levar a obra
até o fim, quando então, todos receberão a recompensar (1Co 3:13,14;15:58).
Amém?
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Elaboração: Luciano de Paula
Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 57 –
CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico
Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Alexandre Coelho – Uma jornada de Fé
(Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco –
Moisés, um líder eficaz. PortalEBD.