TEMA: A Atualidade dos Conselhos Paulinos
Texto Básico: Filipenses 3:1-10
“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da falsa circuncisão!”(Fp 3:2)
INTRODUÇÃO
Sem dúvida nenhuma, os conselhos do apóstolo Paulo contidos
em Fp 3:1-10 são bastante atual, oportuno e urgente. Como ocorria na igreja de
Filipos, em nossos dias, a verdade de Deus tem sido atacada. Esses ataques não
vêm apenas dos insolentes críticos da fé cristã, mas daqueles que se infiltram
na igreja, com falsa piedade e perigosas heresias. Estamos vendo, com profunda
consternação, a igreja evangélica brasileira deixando o antigo evangelho, o
evangelho da cruz, para abraçar um evangelho híbrido, sincrético e místico. Um
evangelho centrado no homem, e não na consumada e bendita obra de Cristo.
Precisamos também nos acautelar!
I. A ALEGRIA DO SENHOR
“… Alegrai-vos no Senhor…”(Fp 3:1. Como já disse no inicio
deste trimestre, a nota dominante em toda a carta aos FIlipenses é a alegria
triunfante. Paulo, embora fosse um prisioneiro, era muito feliz, e incentivava
e ainda incentiva seus leitores a sempre a alegrarem-se em Cristo. Aliás, a
alegria aqui não é um substantivo é um verbo, que está no imperativo: “alegrai-vos“,
isto porque o evangelho que nos alcançou é “nova de grande alegria”, o reino de
Deus que está dentro de nós é alegria no Espírito Santo, o fruto do Espírito é
alegria, e a ordem de Deus é “alegrai-vos. E mais, a alegria do cristão não é
um sentimento, é uma pessoa: o Senhor Jesus. Por isso, Paulo diz : “Alegrai-vos
no Senhor“. Quem tem Jesus, experimenta essa verdadeira alegria; Quem não tem
Jesus, pode ter momentos de alegria, mas não a alegria verdadeira.
A verdadeira alegria não se confunde com momentos felizes. A
felicidade é frequentemente confundida com a alegria, mas as duas são muito
diferentes. A alegria cristã vem de conhecer e confiar em Deus; a felicidade
vem como resultado de circunstâncias favoráveis. A alegria cristã não é ausência
de problemas nem circunstâncias favoráveis; a alegria cristã é duradoura, é
ultracircunstancial; podemos sentir alegria apesar dos nossos problemas mais
profundos; a felicidade é temporária, porque ela é baseada em circunstâncias
externas. A alegria cristã está centrada não em coisas ou situações, mas na
Pessoa de Cristo; Ele é a nossa alegria; nossa alegria é cristocêntrica!
Paulo era capaz de se alegrar apesar de seu sofrimento
porque ele conhecia e confiava em Deus. Ele não deixava que as circunstâncias
adversas o desanimassem. Para permanecermos alegres, devemos nos lembrar,
constantemente, do amor de Deus por nós e da nossa vida definitiva com Ele no
Céu. A alegria de conhecer a Cristo mantinha Paulo equilibrado, não importando
quais fossem as suas circunstâncias, boas ou ruins (ler Fp 4:12). Paulo nunca
se cansava de dizer isto aos crentes de Filipos, porque era para o próprio bem
deles. Uma atitude de alegria ajudaria os crentes a se guardarem contra as
práticas sobre as quais Paulo tão intensamente advertia: dissensão, murmuração,
e atitudes de superioridade. Se perdermos a alegria do Senhor, estaremos
suscetíveis a estas atitudes. A alegria atua como uma barreira contra elas. Ela
garante a segurança da nossa esperança cristã.
II. A TRÍPLICE ADVERTÊNCIA CONTRA OS INIMIGOS (Fp 3:2-4)
“Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guardai-vos da circuncisão! Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus
no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne“(Fp
3:2,3).
Paulo adverte os crentes a se guardarem de um grupo de
pessoas em particular que ele descreveu usando três termos depreciativos
diferentes: cães, maus obreiros e circuncisão. É provável que essas três
expressões se refiram ao mesmo grupo de homens: os falsos ensinadores, que
procuravam submeter os cristãos ao judaísmo e ensinavam que só haveria
justificação para quem guardasse a lei e seus rituais.
1. “Guardai-vos dos cães”. Em primeiro lugar, tais
ensinadores eram ”cães”. Na Bíblia, os “cães” são animais imundos. Esse termo
era usado pelos judeus para descrever os gentios. Nas terras do Oriente, os
cães eram criaturas sem lar e, como não tinham dono, viviam nas ruas procurando
alimento onde pudessem. Paulo vira o feitiço contra o feiticeiro, aplicando a
alcunha de “cães” aos falsos ensinadores do judaísmo que procuravam corromper a
Igreja. Eles viviam à margem da Igreja, procurando sobreviver de rituais e de
cerimônias. “Apanhavam migalhas quando podiam estar assentados dentro da
festa”.
2. “Guardai-vos dos maus obreiros”. Em segundo lugar,
aqueles ensinadores eram “maus obreiros”. Eles eram obreiros da iniquidade (Lc
13:27) e obreiros fraudulentos (1Co 11:13). Desviavam a atenção de Cristo e de
Sua redenção perfeita e a fixavam em rituais ultrapassados e em obras humanas.
Eles trabalhavam contra Deus e para desfazerem a obra de Deus. Laboravam para o
erro e para desviarem as pessoas da verdade. Para esses mestres judaizantes,
agir com justiça era observar a lei e segui-la em seus múltiplos detalhes e
cumprir suas inumeráveis regras e prescrições. Mas Paulo estava seguro de que a
única classe de justiça que agrada a Deus consiste em render-se livremente à
Sua graça.
3. “Guardai-vos da circuncisão”. Em terceiro lugar, Paulo se
referem a esses ensinadores como homens da “circuncisão” ou da “falsa
circuncisão“(ARA). Esses ensinadores que se diziam cristãos de origem judaica
erroneamente acreditavam que era essencial que os gentios seguissem todas as
leis do Antigo Testamento, dizendo que os crentes gentios tinham que ser
circuncidados para que pudessem ser salvos. Esses mestres judaizantes trocaram
a graça de Deus por um rito físico. Eles queriam inserir na mensagem do
evangelho a obrigatoriedade da circuncisão como condição indispensável para a
salvação (At 15:1). Assim, a salvação deixava de ser pela fé somente e passava
a depender do esforço humano. Eles se vangloriavam de uma incisão na carne, em
vez de uma mudança no coração. Eles cortavam o prepúcio do órgão sexual
masculino, porém não cortavam o prepúcio do coração. Paulo escarnece dessa
falsa confiança deles no rito da circuncisão, em vez de confiarem na graça de
Deus.
Paulo, mesmo sob algemas, não cala sua voz. Ele denuncia e
desmascara esses mestres com veemência como já fizera outras vezes (Gl 1:6-9;
3:1; 5:1-12; 6:12-15; 2Co 11:13). A preocupação de Paulo era que nada ficasse
no caminho da verdade simples de sua mensagem: que a salvação, para judeus e
gentios igualmente, vem somente através da fé em Jesus Cristo. E a igreja
primitiva já tinha confirmado o ensino de Paulo no Concílio de Jerusalém, há
onze anos (veja At 15).
III. A VERDADEIRA CIRCUNCISÃO (Fp 3:3)
Assim como Paulo fez uma tríplice descrição dos falsos
mestres, também faz uma tríplice identificação do povo de Deus. Os falsos
mestres queriam tornar o cristianismo uma seita judaica. Eles ensinavam que a
salvação dependia da circuncisão, anulando, assim, a suficiência do sacrifício
de Cristo. Pregavam que a graça de Deus não era suficiente para a salvação e
que o homem tinha de concorrer e cooperar com Deus nessa obra,
circuncidando-se. Paulo refuta vigorosamente essa heresia, mostrando que a
verdadeira circuncisão não é aquela feita na carne, mas a circuncisão do
coração, operada pelo Espírito Santo de Deus. A Igreja, e não os falsos
mestres, é que possui a verdadeira circuncisão. Paulo diz: “Porque nós é que
somos a circuncisão…” (Fp 3:3).
1. A circuncisão no Antigo Testamento. No Antigo Testamento,
a circuncisão tinha sido um sinal e selo da aliança ou pacto que Deus fez com
Abraão e seus descendentes - “Disse mais Deus a Abraão: guardarás a minha
aliança, tu e tua descendência no decurso das suas gerações. Esta é a minha
aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre
vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por
sinal de aliança entre mim e vós“ (Gn 17:9-11-ARA). Era, portanto, um sinal físico para o povo de
Deus do seu relacionamento com o Senhor. Também, era um meio de fazer o povo de
Deus, os judeus, lembrar-se das promessas que Deus lhe dera, e das suas
próprias obrigações pessoais ante a aliança (Gn 17:14). Esse ato tinha também
uma aplicação espiritual, porque a marca física deveria ser o sinal de um
relacionamento espiritual com Deus - “E o SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu
coração e o coração de tua semente, para amares ao SENHOR, teu Deus, com todo o
coração e com toda a tua alma, para sempre” (Dt 30:6).
2. A verdadeira circuncisão não deixa marcas físicas. Em
determinada época, o sinal físico de circuncisão separou o povo de Deus, os
judeus, dos gentios. Depois de Jesus Cristo, todas as pessoas podem fazer parte
da família de Deus, crendo em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Os cristãos
autênticos são os únicos verdadeiros circuncidados.
Diz o apóstolo Paulo: “Porque nós é que somos a circuncisão,
nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não
confiamos na carne” (Fp 3:3). Nós [os cristãos autênticos] é que somos a
circuncisão - não aqueles que por sorte nasceram de pais judeus nem os que são
circuncidados fisicamente, mas aqueles que reconhecem que a carne para nada
aproveita, que o homem, na própria força, nada pode fazer para conseguir um
sorriso de aprovação de Deus. A verdadeira circuncisão não deixa marcas
físicas.
Para aqueles que fazem parte da verdadeira circuncisão, o
apóstolo Paulo apresenta três características:
a) Adoramos a Deus no Espírito (Fp 3:3b). O povo de Deus é
identificado pela adoração. Os crentes adoram por meio do Espirito de Deus e no
Espirito de Deus. O Espirito Santo, que é a terceira Pessoa da Trindade, é
vital para todos os aspectos da nossa vida cristã. A igreja adora a Deus e o
faz mediante a ação do Espírito Santo. Toda adoração que não é prestada a Deus
é idolatria; toda adoração oferecida a Deus sem a ação do Espírito não é
aceitável por Ele. A adoração é sempre inspirada pelo Espirito Santo.
b) Nos gloriamos em Cristo Jesus (Fp 3:3c). A palavra
traduzida como “gloriar-se” também poderia ser traduzida como “exaltar”. Paulo
explicou que os verdadeiros cristãos exultam, não em suas obras, como se de
alguma forma salvassem a si mesmo, mas somente em Cristo Jesus. Somente Ele é a
base de nosso regozijo. O povo de Deus se gloria na cruz de Cristo, isto é, em
sua expiação, como a única base para a sua salvação. O Senhor é o objeto da
exultação dos crentes. Portanto, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1Co
1:31; 2Co 10:17).
c) Não confiamos na carne (Fp 3:3d). ”Carne” aqui é a
natureza humana centrada em si mesma. Mesmo quando exerce a moral e a religião,
o ser humano fica preso a seu eu, cultiva e o gloria, até mesmo quando cita o
nome de Deus. Na igreja de Filipos, os
judaizantes estavam cofiados na “carne“, em rituais, em cerimônias externas, em
realizações humanas. Eles dependiam de sua obediência à lei judaica, e especialmente
à aliança da circuncisão, para torná-los aceitáveis a Deus. Em contraste, os autênticos cristãos não
colocavam a sua confiança em nada que fizessem ou deixassem de fazer, mas
naquilo que Deus, através de Jesus Cristo, havia feito por eles. A igreja é um
povo que põe sua confiança em Deus e sua fé na Pessoa bendita de Jesus Cristo.
CONCLUSÃO
Tenhamos cuidado para não perdermos a identidade de
verdadeiros cristãos. Conservemos a sã doutrina, pois o Inimigo tenta macular a
Igreja de Cristo mediante as heresias, modismos e costumes mundanos, através de
influências externas e, principalmente internas. Sigamos o conselho de Paulo a
Igreja de Filipos: “Guardai-vos dos cães, guardai-vos dos maus obreiros,
guarda-vos da falsa circuncisão” (Fp 3:2); e também a Timóteo: “Tem cuidado de
ti mesmo e da doutrina…” (1Tm 4:16).
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Referências Bibliográficas:
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William
Macdonald.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo - Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia - J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI - EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão - nº 55 - CPAD.
Comentário do Novo Testamento - Aplicação Pessoal.
Filipenses - A alegria triunfante no meio das provas - Rev.
Hernandes Dias Lopes.
Publicado no Blog do Luciano de Paula Lourenço