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Informativo Cristão : Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Problemas que afetam o sistema de gerenciamento cerebral e prejudicam o ensino bíblico

INTRODUÇÃO
Deus nos criou plenos e com o potencial necessário para viver (Gn 1.26-31). Infelizmente, a queda — o fatídico acontecimento do Éden — trouxe as deformidades que assolam o universo (Gn 3.17,18; Rm 5.12). Desse episódio histórico até hoje, em todo o drama humano, somente o Senhor Jesus Cristo, o homem perfeito, dispôs de todo esse potencial do estado do homem em sua pré-queda. O evangelista Lucas, que era médico, destaca que o Mestre se desenvolveu harmoniosa e globalmente: “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (2.52).

A rebelião humana trouxe, em sua esfera maior e grave, o rompimento na relação com Deus (Rm 5.12-19). Entretanto, suas conseqüências temporais e imediatas — catástrofes ou desastres naturais, enfermidades, miséria, políticas injustas e muitos outros males — acabam sendo muito mais sentidas e não deixam de ser um problema. Felizmente, em virtude de sua infinita bondade, o Senhor, através da graça comum — favores que, na economia divina, são dispensados a todas as pessoas, indistintamente, para a preservação da vida —, proveu-nos de capacidade para intervir em algumas áreas. O próprio Jesus falou que não “necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes” (Mt 9.12), deixando claro que a medicina é um empreendimento necessário.

Considerando que na queda nosso intelecto, emoções, sentimentos, enfim, todo o nosso ser foi comprometido (Jr 17.9 cf. Gn 3.1-24) e que essa “imperfeição inerente afeta o conhecimento tanto em sua aquisição como em sua retenção, e particularmente com respeito ao conhecimento de Deus (1Co 2.14-16)”
[i], que diremos acerca de pessoas que, além da dificuldade “comum”, relacionada ao fator espiritual, também possuem distúrbios que, neuro e biologicamente, as impossibilitam e/ou impedem de aprender?

I – TDAH – Uma síndrome que desfoca a mente de crianças e adultos

Sabe-se que a Educação Cristã é um trabalho conjunto realizado entre educadores cristãos e o Espírito Santo, tendo cada um o seu papel, não havendo, portanto, subtração (Mc 16.15-16; Ef 4.11-16). Partindo desse princípio basilar, conhecer o educando é parte da tarefa do educador. Conhecendo-o e cientificando-se das perturbações que prejudicam a aprendizagem, a fim de cumprir seu ministério de maneira excelente, é seu dever inteirar-se dos problemas relacionados ao universo educacional que, inclusive, vem sendo objeto de muitos estudos.


Ouve-se muito falar sobre Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), contudo, em virtude das muitas e divergentes opiniões acerca do assunto, é bem possível que o educador cristão menos enfronhado acerca do fenômeno educativo fique com a opinião da mídia. Por haver várias controvérsias acerca das reais motivações por parte das reportagens televisivas, o mais recomendável é buscar informações seguras, neste caso em literatura especializada e em cursos e/ou seminários ministrados por profissionais habilitados na área.


Os primeiros estudos desse problema datam do início do século passado “quando um médico inglês, George Still, descreveu um conjunto de alterações de comportamento em crianças, as quais, segundo ele, não podiam ser explicadas por falhas ambientais, mas se deviam a algum processo biológico desconhecido até então”
[ii]. Entre 1916 e 1927, por conta de um novo “surto” de crianças que foram acometidas pela encefalite epidêmica de Von Economo, o problema despertou novamente o interesse dos pesquisadores. Eles observaram que os adultos que sofreram com essa encefalite, haviam desenvolvido como seqüela um “quadro parkinsoniano, ao passo que as crianças passavam a mostrar um quadro de hiperatividade e alterações do comportamento”[iii].


A influência dessas primeiras observações e a falta das eficientes ferramentas de ressonância magnética levou os estudiosos a pensar - por muitos anos - que o TDAH (claro, que com outro nome para o distúrbio[iv]) era um problema comportamental. Logo, só as crianças e os adolescentes é que apresentavam esse quadro e, conseqüentemente, deveriam receber tratamento educativo. Apesar de haver essa opinião entre alguns círculos acadêmicos, atualmente o diagnóstico do TDAH como um problema bioquímico e neurobiológico - por conseguinte cognitivo - é a visão prevalecente entre a maior parte dos estudiosos.

Thomas E. Brown, professor assistente e clínico de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Yale, afirma em seu livro Transtorno de Déficit de Atenção, que o TDAH é uma síndrome, ou seja, “um grupo de sintomas que têm a tendência de aparecer juntos”[v]. Entretanto, “não é doença; é um transtorno que está relacionado bem de perto com as experiências diárias”[vi], pois, na verdade, a pessoa portadora da síndrome pode desempenhar muito bem inúmeras atividades. O problema parece estar relacionado à desfocalização da mente no momento de desempenhar aquelas tarefas que, a despeito de serem importantes, não lhes interessam. Apesar de os problemas com a síndrome serem “diferentes em idades diferentes”[vii], com o avanço das pesquisas, hoje sabemos que este não é um fenômeno essencialmente infanto-juvenil, mas que uma parcela considerável de pessoas adultas apresenta semelhante postura. Na verdade, as estatísticas apontam um dado preocupante; cerca de 7 a 10 por cento da população mundial sofre com essa síndrome.

Por ser um assunto multidimensonal e complexo é bom saber algumas questões cruciais sobre essa síndrome, pois o problema tende a se agravar e até desenvolver co-morbidades[viii] - a agregação de outros transtornos -, ocasionadas por acusações e cobranças da parte dos pais e professores, visto que mesmo com todas as descobertas sobre o distúrbio, muito preconceito e mito ainda persistem (por exemplo, afirmando ser este problema falta de “força de vontade”) fazendo com que o transtorno se torne um verdadeiro suplício para o portador, principalmente criança ou adolescente.

II – Descrevendo o problema
É ponto pacífico entre os cientistas da educação o fato de que o desempenho das funções mentais superiores, dependem do correto desenvolvimento e funcionamento do cérebro. No campo da psiquiatria, esse mesmo processo é conhecido como “gerenciamento cerebral”, tendo as funções cognitivas chamadas por neuropsicólogos de “funções executivas”. Doutor Brown apresenta seis blocos com as principais funções e resume o que chamamos de TDA ou TDAH:


1. organização, priorização e início de uma ação;
2. foco, sustentação e mudança da atenção;
3. regulação do sentido de alerta, esforço sustentado e determinação da velocidade do processamento;
4. administração da frustração e modulação das emoções;
5. utilização da memória de trabalho e acesso à habilidade de recordar informações; e
6. monitoramento e auto-regulação das ações.

Essas funções cognitivas interagem e se juntam para formar o sistema de gerenciamento da mente. As dificuldades crônicas nessas funções constituem aquilo que chamamos de “síndrome de TDA”.
[ix]

O desafio para o portador do TDAH é justamente a auto-administração ou o autogerenciamento dessas funções, ou seja, sua ativação e administração no tempo certo e de maneira correta. Mesmo com esse entendimento das funções executivas, conhecer o processo elementar do funcionamento do cérebro ou suas interconexões é o mínimo que se requer para poder vislumbrar um pouco melhor as implicações do TDAH. De maneira bastante sucinta e panorâmica, Thomas Brown diz que cada indivíduo pode somente usar aquilo que está sendo disponibilizado pelas suas redes neurais. Se as redes neurais para as funções executivas estão comprometidas, como é o caso dos portadores de TDA, então aquele indivíduo pode estar proporcionalmente debilitado no gerenciamento de uma enorme gama de funções cognitivas, independentemente do quanto possa estar desejando o contrário.

Existe atualmente considerável evidência de que as pessoas apropriadamente diagnosticadas com TDA sofrem de dificuldades significantes nas funções executivas do cérebro. Essas funções não estão todas localizadas em uma única área do cérebro; estão descentralizadas, com muitas delas sendo apoiadas por redes complexas dentro do córtex pré-frontal. Alguns componentes essenciais das funções executivas são apoiados pelas amígdalas e por outras estruturas subcorticais, enquanto outras funções executivas dependem da formação reticular e de porções do cerebelo, localizadas na região posterior do cérebro.

As redes neuronais complexas unem as várias estruturas no cérebro que mantêm as funções executivas. As rápidas mensagens de input e output viajam por essas redes através de impulsos elétricos de baixa voltagem que podem atravessar todo o sistema em um tempo menor que um milésimo de segundo. O movimento eficiente desses impulsos elétricos através da rede depende da rápida liberação e recaptação de neurotransmissores químicos, que transportam as mensagens através da sinapse, ou das conexões através dos neurônios, em um processo parecido com o salto da faísca de uma vela de um motor de automóvel.Para que esse trabalho seja feito, cada um dos 100 bilhões de neurônios no cérebro depende de uns 50 ou mais neurotransmissores químicos produzidos no cérebro. Sem a liberação e captação eficientes do necessário neurotransmissor químico, aquela porção da rede neural não consegue transportar eficientemente suas mensagens. Existe atualmente considerável evidência de que as funções executivas do cérebro debilitado no TDA dependem primariamente, não exclusivamente, de dois transmissores específicos: dopamina e norepinefrina.
[x]


Cientes de que o TDAH “é um problema essencialmente químico, mais especificamente, uma dificuldade no sistema químico que apóia a comunicação rápida e eficiente no sistema de gerenciamento do cérebro”, prossegue Brown em sua explicação, dizendo que assim “como o diabetes é uma doença que reflete dificuldades no processamento de insulina no corpo, a síndrome do TDA é um transtorno que reflete as dificuldades no processamento do cérebro da dopamina e da norepinefrina”
[xi].


A dopamina produz a “química da motivação” e tem importância fundamental dentro das redes neurais, pois os seus duplos circuitos “desempenham um papel crítico na mobilização e sustentação do esforço para fazer com que o indivíduo consiga aquilo que quer ou precisa”, em outras palavras, se a “dopamina não é liberada nessas áreas críticas, o cérebro pode não experimentar motivação para trabalhar, mesmo por recompensas de prazer”[xii]! Não é incomum encontrarmos pessoas adultas que protelam o quanto podem a realização de determinada tarefa, tendo então que cumprir com seus deveres, às pressas, na última hora. Isso implica, na maioria dos casos, em não apresentar resultados excelentes ou otimizados.

A outra química essencial ao funcionamento e ativação perfeitas do cérebro depende da norepinefrina, pois o problema de desatenção e sonolência está relacionado ao não-funcionamento ou a distribuição reduzida deste “neurotransmissor químico primário no sistema reticular e no locus ceruleus
[xiii]. O que acontece é basicamente o seguinte: quando o “locus ceruleus entra em funcionamento, distribui norepinefrina através da sua ampla rede de conexões, alertando e aumentando a excitação em sua difusa rede neural”; isso significa que a “operação eficiente das funções executivas ‘ativando para tarefas’ e ‘regulando o estado de alerta’ depende do funcionamento do sistema reticular e do locus ceruleus, entre outros”[xiv].


É digno de nota destacar que o “desenvolvimento dos circuitos do cérebro que apóiam as funções executivas é fortemente influenciado por fatores genéticos, mas os fatores ambientais desempenham também um papel importante”
[xv]. Evidentemente que com o passar do tempo, em virtude da própria degeneração biológica, estilo de vida e o estado geral da saúde, haja perda “natural” da qualidade química entre as conexões. Isso não significa que a pessoa tenha “adquirido” ou “desenvolvido” o TDAH.

III – Diagnosticando o problema

A curiosidade — ou a tendência amadora de achar que entende de tudo — é extremamente negativa em todas as áreas, porém, quando se trata de saúde, as “experiências” frustradas quase sempre resultam em grandes danos. Em se tratando de problemas neurobiológicos — que se manifestam majoritariamente através do comportamento —, é comum querer “diagnosticar” ou “avaliar” as pessoas (filhos, cônjuges, conhecidos) ou até mesmo se auto-avaliar.


Quando se fala de alguns sintomas da síndrome do TDAH, é comum ver as pessoas dizerem: “Eu tenho esse problema, pois ajo exatamente assim”. Porém, a síndrome do TDAH difere da desatenção normal, em aspectos, muitas vezes, imperceptíveis a nós. Outra questão é o fato de achar que todo portador dessa síndrome é mal comportado, inquieto e agitado. Muitos casos, e nesses sim, a síndrome não possui o “agá” no final, pois é caracterizado pela reclusão e introspecção da pessoa, sendo então o mais correto dizer Transtorno de Déficit de Atenção — o TDA.


Como não há um único exame de sangue ou ressonância magnética que possa confirmar ou descartar um diagnóstico de TDAH, em todos esses casos é imprescindível que o veredicto parta de um médico especializado que, após uma longa conversa com a pessoa, saiba distinguir o TDAH de outros transtornos. Nessa entrevista, que dura em torno de duas horas, o profissional questiona sobre a “história e a natureza das situações atuais da vida, bem como as experiências anteriores de vida do paciente, notando a presença ou ausência de padrões de dificuldades na escola, trabalho, vida familiar e relacionamentos sociais”[xvi].

IV – A importância dos educadores cristãos

Estudiosos afirmam que é de grande importância o trabalho de observação realizado pelo professor. Principalmente se a criança só possui esse professor, pois ele pode “descrever as respostas da criança a tipos diferentes de tarefas, e pode comparar o desempenho de uma determinada criança com um grupo de outras crianças”[xvii].


Mesmo que a criança só tenha contato com o professor de ED no final de semana, é possível observar o seu comportamento e, caso seja necessário, orientar e/ou comunicar os pais.


Um outro desafio para o professor de ED, é o chamado mistério da desatenção. Ou seja, como os portadores do TDAH, podem prestar a atenção em algo que lhes interessam, mas não conseguem manter o foco em muitas outras áreas que são, mesmo que não reconheçam, importantes?

O professor deverá buscar entender o seu aluno, seus anseios, problemas e então planejar seu trabalho educativo. E mais, o ensino bíblico terá que ser envolvente para que seja objeto de interesse do educando portador do TDAH.


V – O que os pais podem fazer
Primeiramente os pais devem pensar em construir um ambiente de apoio ou uma estrutura de sustentação. Arthur Robin (1998) apud Brown, aponta algumas orientações básicas para facilitar o relacionamento dos pais de adolescentes com TDAH:

· facilite a busca apropriada por independência;
· mantenha supervisão e estrutura adequadas;
· estabeleça regras básicas para o comportamento na sua casa e reforce-as consistentemente;
· negocie com seu adolescente todos os problemas que não estão relacionados às regras básicas;
· use as conseqüências de maneira inteligente para influenciar o comportamento do seu adolescente;
· mantenha boa comunicação;
· considere sempre a perspectiva da incapacidade e pratique o perdão;
· concentre-se no lado positivo das coisas. (p.307)
[xviii]

É sabido que se os pais proporcionam um ambiente de fixação interpessoal desde a infância, a “sintonia”, ou seja, essa interação emocional existente no lar auxilia, e muito, no que Siegel apud Brown, chama de “desenvolvimento físico do cérebro”[xix]. No entanto, se como mostram as pesquisas, a maioria dos portadores do TDAH, são filhos de pessoas que também padecem com essa síndrome, então na realidade, toda esta família necessita de auxílio.

CONCLUSÃO
Há ainda um longo caminho a ser trilhado no conhecimento da síndrome do TDAH. Existem algumas restrições e cuidados com o tratamento medicamentoso, porém, se o problema é realmente químico, e não psíquico ou comportamental, então nos parece ser o caminho mais certo para a melhoria da qualidade de vida de muitas pessoas. Isso, porém, não descarta o fato indiscutível de que um acompanhamento psicológico e pedagógico deva ser feito. Além do mais, é sempre bom saber que em diferentes organismos os medicamentos têm diferentes reações, logo, eles podem não surtir efeito semelhante e ter a mesma eficácia em todas as pessoas.  


Entretanto, como essa síndrome é, por enquanto, considerada incorrigível — pois só pode ser controlada ou amenizada — existe uma outra possibilidade. Nós que sabemos que Deus pode curar devemos pedir a Ele que realize um milagre, pois com sua infinita misericórdia e bondade, nos atende e abençoa.
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